sábado, 8 de novembro de 2014

Ato de covardia


Ícone da noite LGBT, a drag queen Marcia Pantera passou por momentos de agressão e indignação na última sexta-feira (24). Ela foi chamada de "macaco" e agredida em frente ao clube Danger, no centro de São Paulo.
O ato racista partiu de dois homens gays e uma travesti, que estavam no clube e que foram colocados para fora depois de uma briga.
"Eu estava chegando na casa e eles estavam brigando do lado de fora. Quando olhei, um falou: 'Não olha para a gente não, macaco'. Fui perguntar se eles estavam falando comigo, e eles partiram para cima de mim".
Marcia contou que os agressores a jogaram no chão, chutaram, arranharam, morderam e a socaram. Os seguranças da casa assistiram a agressão e só foram apartar depois que ela pediu ajuda. "Eu sou uma artista da casa, fui violentamente agredido na porta do trabalho e ninguém me ajudou. Fui desrespeitado de várias maneiras".
Após subir ao camarim e ver as marcas da agressão, a artista voltou à portaria e viu que os agressores continuavam por lá. "Eles voltaram a me insultar, sempre reforçando a palavra 'macaco', mas desta vez eu não deixei barato e revidei. Eles foram covardes de me pegar os três juntos, mas com eles sozinhos eu soube me defender. Nunca fui de brigar em mais de 26 anos noite, mas não poderia ser tão desrespeitada desta maneira e ficar quieta".
Marcia afirma que, depois de ter sofrido a agressão, teve que ir à Santa Casa sozinha e que só conseguiu registrar um boletim de ocorrência no domingo (26).
"Fiquei das 10h da manhã de sábado às 5h da tarde. Me mandaram de um lugar para o outro, diziam que iam demorar horas... Só consegui registrar no domingo, depois que o escrivão soube que a agressão foi racista".
A artista, que recebeu o apoio de amigos e fãs em seu Faceboook, disse que é contra todos os tipos de preconceito e que não esperava sofrer racismo dentro do meio LGBT.
"A gente sempre escuta falar de agressões, mas nunca espera que vai acontecer com a gente. O que me revolta é que as pessoas esquecem muito facilmente e que nada é feito", declarou ela, que faz questão de frisar que não estava no local errado e na hora errada. "Eu estava no lugar certo e na hora certa, pois era o horário do meu trabalho e a gente tem que ter segurança em qualquer lugar".
Até o fechamento da reportagem, a Danger não se pronunciou.

Norma complementar

Uma resolução do Conselho Municipal de Habitação (CMH) definiu que gays em situação de violência, travestis moradores em albergues e índios também podem ser beneficiados com unidades do Programa Minha Casa Minha Vida construídas no município de São Paulo.
A norma complementar ao projeto do governo federal, publicada nesta sexta-feira, 31, no Diário Oficial da Cidade, também permite o atendimento de moradores em áreas limites de municípios vizinhos com a capital paulista.
O objetivo das regras é tentar dar moradia popular para centenas de gays e também mulheres que sofreram ameaças e violência doméstica e que são atendidos em albergues e moradias da Prefeitura. Dezenas de travestis que moram nos abrigos municipais vão ter direito a tentar entrar no programa, desde que comprovem que está "oriunda de situação de rua".
São mais de 8 mil pessoas atendidas todos os dias nos 62 albergues, abrigos e casas de acolhimento. Ao todo, a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) está construindo na capital paulista 22 mil unidades do Minha Casa Minha Vida - a meta do governo é construir 55 mil até o final de 2016, para famílias que ganham menos de R$ 1.600 mensais.
O programa do governo federal previa que o município parceiro nas obras poderia editar normas complementares para definir quem está em situação de vulnerabilidade na cidade.
Prioritariamente, o programa continua tendo de atender moradores em áreas de risco, mulheres que cuidam sozinhas da família e casais de baixa renda com filhos, conforme definiu em 2009 o governo federal. Não havia categorias específicas para priorizar o atendimento de gays e travestis sozinhos, por exemplo.
Segundo movimentos de moradia que também são parceiros na construção de unidades do Minha Casa Minha Vida na capital paulista, a pessoa que mora sozinha de aluguel (seja gay, solteiro adulto ou idoso) dificilmente consegue ser beneficiada.
Na resolução publicada hoje, o governo Haddad também incluiu nesse rol de possível beneficiários do programa idosos sozinhos com mais de 60 anos, moradores na capital.
Apoio
Fernando Quaresma, de 46 anos, presidente da Associação da Parada Gay de São Paulo, afirma que a iniciativa é inédita. "Era uma demanda antiga. A questão da violência começa inclusive dentro de casa, na família. Muitos gays expulsos da família em idade de faculdade ou de colégio e não têm para onde ir. Essa violência não é só de quem está na rua apanhando", afirmou.
Quaresma disse, ainda, que os travestis também não conseguem entrar no mercado de trabalho e muitos acabam indo morar nos albergues da Prefeitura. "Muitos gays formam hoje famílias de baixa renda e nunca conseguem entrar no programa", acrescentou.

Um ativista de peso

Tim Cook, CEO da Apple, escreveu um artigo para a Businessweek onde diz “ter orgulho de ser gay”, e que isso é “uma das maiores bênçãos que Deus poderia ter lhe dado” porque, ele escreve:
"Ser gay me deu um entendimento mais profundo do que significa pertencer a uma minoria, e me proporcionou uma janela para os desafios que as pessoas em outros grupos minoritários encaram todo dia. [ser gay] Me fez ter uma empatia maior, o que me proporcionou uma vida mais rica."
De personalidade bastante reservada, ele nunca negou os rumores sobre sua sexualidade – a revista Out considerava o executivo “um dos gays mais poderosos do mundo”. Mas Tim Cook achou que essa seria uma boa hora, e explicou a decisão assim:
"Eu acredito profundamente nas palavras do Dr. Martin Luther King, que disse: “a questão mais urgente e persistente da vida é ‘o que você está fazendo para as outras pessoas?’” Eu frequentemente me desafio com essa questão, e cheguei à conclusão que meu desejo por privacidade não estava permitindo fazer algo mais importante.” Eu não me considero um ativista, mas eu percebo quanto que me beneficiei do sacrifício dos outros. Então se ouvir que o CEO da Apple pode ajudar alguém sofrendo a aceitar quem ele ou ela é, ou trazer conforto para alguém que se sinta sozinho, ou inspirar pessoas a insistir na igualdade, então a troca da minha própria privacidade vale a pena."
Apesar de dizer que não é ativista, não é a primeira vez que Tim Cook entra na luta pelo fim de qualquer tipo de preconceito – as fotos de John Kennedy e Luther King em seu escritório lembram isso. O CEO da Apple já escreveu um artigo no Wall Street Journal pedindo para que todas as leis homofóbicas fossem derrubadas (nos EUA, em alguns estados é possível demitir alguém baseado apenas na opção sexual), e sempre, em discursos, lembra que a empresa de Cupertino é uma das maiores apoiadoras do movimento pela promoção da igualdade nos espaços de trabalho. A Apple também sempre aparece na Parada Gay de San Francisco e nas últimas edições distribuiu brindes entre os participantes:
Tim Cook diz em sua carta que continuará o seu ativismo light, à sua maneira, colocando “o seu tijolinho na construção de uma sociedade melhor”. Mas que, mesmo assim, não deseja virar foco das atenções por causa da revelação:
“Parte do progresso social é entender que uma pessoa não é definida apenas pela sua sexualidade, raça ou gênero. Eu sou um engenheiro, tio, amante da natureza, maluco por malhação, um filho do Sul, fã de esportes e várias outras coisas.”

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Forte liderança Bancada evangélica cresce 14% e deve prejudicar causas LGBTs.

RIO E SÃO PAULO — Com 80 deputados federais eleitos, a bancada evangélica na Câmara crescerá 14% a partir do ano que vem. Hoje, tem 70 representantes, entre bispos, pastores e seguidores de igrejas. O aumento, ainda que menor que os 30% esperados pela Frente Parlamentar Evangélica, deverá tornar ainda mais difícil a aprovação de projetos ligados a causas de homossexuais ou em defesa do aborto.
São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, e Rio de Janeiro, o terceiro, elegeram a maior parte dos candidatos evangélicos: cada um dos estados terá 14 deputados. O Paraná vem em seguida, com oito.
Ao todo, 39 deputados federais que hoje integram a Frente Parlamentar Evangélica não se reelegeram, mas alguns conseguiram fazer de parentes seus sucessores. No Rio, por exemplo, foi eleita Clarissa Garotinho (PR), filha de Anthony Garotinho, com 335.061 votos. Ela se tornou a campeã de votos entre os deputados evangélicos. Entre os novatos, vários são apadrinhados por nomes de peso dentro de suas igrejas. É o caso de Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), que contou com o apoio do pastor Silas Malafaia em sua campanha.
Malafaia se gaba por influenciar parlamentares no Congresso Nacional:
"Dou cidadania há 28 anos, ensino como é o voto. Falo para o pessoal que é o voto da representação do segmento. Converso com esses caras e com vários deputados que não contaram com minha participação na campanha, que, mesmo assim, ligam para mim, agradecendo."
Um dos líderes da bancada, o deputado reeleito Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autor do projeto de lei que pune discriminação contra heterossexuais, diz que lutará para impedir uma ampliação de direitos de homossexuais:
"A minha posição é clara. Eu sou contra projetos de lei progressistas. Uma grande parcela da sociedade, diria que a maioria, concorda comigo. Não vejo nada de mais."
Segundo o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer, a bancada evangélica é “bastante organizada” e deve repetir a performance dos últimos quatro anos na Câmara, alternando vitórias e derrotas:
"É uma bancada que tem uma liderança e um apoio forte, apesar de reunir seitas bem diferentes. A Igreja Universal ainda é maioria. As igrejas evangélicas têm mais sucesso ao induzir fiéis a votar em pastores e bispos."

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Isso sim é Atitude! Indignado com homofobia, padeiro divulga mensagens em sacos de pão.

O dono de uma padaria em Curitiba, Aderson Arendt, decidiu reivindicar o preconceito sofrido por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e ilustrou os pacotes de pão com mensagens contra a homofobia – crime configurado pela discriminação contra LGBTs. Um levantamento divulgado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos mostra que, no Brasil, mais de um LGBT tem seus direitos violados a cada hora. Os dados também apontam que a cada 28 horas um LGBT é morto.
A mensagem "Homofobia é crime. Direitos iguais é inclusão social", também está estampada em um painel luminoso na padaria. Aderson contou que tomou a iniciativa após perceber o comportamento de pessoas dentro e fora do estabelecimento.
"Recentemente percebi uma cena em um restaurante que me deixou muito constrangido. Em uma mesa estava um grupo de gays e na outra havia várias pessoas tirando sarro e brincando com a situação", contou Aderson. "Eu me senti muito mal e constrangido. Não sabia nem como reagir ou ajudar", acrescentou o padeiro.
O comerciante destacou ainda que a maioria dos clientes da padaria aprovou a iniciativa. "As pessoas que vierem aqui e tiverem preconceito, prefiro que dêem meia volta e nem entrem", completou o comerciante. Nesta primeira etapa da "campanha", foram impressas mensagens em 500 mil pacotes.

Cala-te boca! Luciana Genro diz que Levy Fidelix deveria sair algemado, após discurso homofóbico.

Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV) enfrentaram as falas do candidato, que sugeriu anteriormente que a "maioria deve enfrentar a minoria", quando questionado sobre homofobia e ausência de direitos LGBT.
Eduardo, que já havia manifestado indignação com as falas de Levy, propôs para que o candidato pedisse perdão ao povo brasileiro pelas suas falas. "O senhor extrapolou todos os limites e, com a sua fala, agrediu a população LGBT e agrediu 99,9% da população brasileira. O meu partido e outros partidos entraram com uma representação contra o senhor. Eu proponho que você peça perdão à sociedade brasileira", afirmou Eduardo.
Levy não pediu perdão e afirmou que Eduardo "não tem moral" para tal cobrança, devido aos projetos que envolvem a legalização da maconha e do aborto. Ele apelou: "Você propõe que o jovem consuma maconha, faz apologia ao crime, está no Código Penal. Você não vai colocar o povo brasileiro para ir contra o que diz a Constituição, que é o homem e a mulher".
Eduardo, então, garantiu que os dois irão "se encontrar" na Justiça e que ele estará como testemunha. "Se você quer me processar por minhas teses, que presa pela saúde das mulheres e que quer quebrar o poder do crime e ter um diálogo maduro com os usuários, faça. Quero aproveitar para reiterar que o senhor envergonhou o Brasil com sua atitude".
Depois, Levy perguntou para Luciana se ela teria palavra como presidente, uma vez que, segundo ele, ela rompeu o acordo de fazer uma pergunta para Marina Silva (PSB) no último debate e fez a pergunta para ele sobre homofobia.
Luciana disse que nunca rompeu nenhuma palavra com Fidelix, mas que ele "apavorou, chocou, ofendeu e humilhou milhares de pessoas com o discurso de ódio".
Ela defendeu que dizer para a "suposta maioria enfrentar uma suposta minoria" já aconteceu no passado, no holocausto, na escravidão. "Esse teu discurso de ódio é o mesmo que os racistas fazem contra o negro e os nazistas contra os judeus", disse Luciana.
A candidata argumentou ainda que o Brasil ainda não tem uma lei contra a homofobia, caso contrário pessoas que fazem discurso como o de Fidelix seriam presas. "É assim (algemado) que você deveria ter saído daquele debate".
Os demais candidatos não falaram sobre a homofobia e a transfobia no Brasil.
Após o debate
Na madrugada desta sexta-feira (3), todos os candidatos participaram de uma coletiva de imprensa na Globo. Levy Fidelix voltou a ser questionado sobre as declarações e garantiu não ser homofóbico. Porém, quando um jornalista perguntou o que ele faria se tivesse um filho gay, ele se limitou a dizer: "Não tenho, graças a Deus".

sábado, 27 de setembro de 2014

Intolerância Jovem é atacado e tem cabelo queimado durante ritual de purificação de gays, em BH.

Um homem de 19 anos foi atacado e torturado em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, para um "ritual de purificação". De acordo com o jornal "O Tempo", ele teve a barba e os cabelos queimados, os braços machucados e chegou a perder a consciência.
Em depoimento, o jovem relatou que na última quarta-feira (17), e em plena luz do dia, foi abordado na rua por dois homens que estavam dentro de uma Kombi branca - os mesmos que o agrediram cinco dias antes.
"Eles estavam com facas e me obrigaram a entrar no veículo", afirma o jovem que recebia agressões no abdômen e ao mesmo tempo escutava orações. "Eles pediam perdão pelos meus pecados, pediam que eu fosse salvo".
Depois, os agressores enrolaram um objeto feito de lã no braço da vítima e atearam fogo. "Desmaiei. Não sei se pelo cheiro da fumaça, pela dor ou pelo estresse do momento", afirma ele, que teve a barba e os cabelos queimados.
A vítima foi abandonada em uma rua próxima do local onde foi abordado e foi socorrido pelo namorado e um amigo. Ao seu lado foi encontrada uma carta, que dizia fazer uma "limpeza em Betim e trazer o fogo da purificação a cada um que andar nas ruas declarando seu 'amor' bestial".
O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Polícia de Betim e é investigado como tentativa de homicídio e crime religioso.